Nota do Editor: Os Central Limit Order Book Decentralized Exchanges (CLOB DEXs) são a arquitetura predominante por trás das DEXs de contratos perpétuos, concentrando mais de 92% do market share. Este relatório explora o ecossistema dos CLOB DEXs, detalhando sua dominância em derivativos, oportunidades de crescimento no mercado spot e novos desafios do setor, trazendo perspectivas sobre o futuro da negociação descentralizada.
Esta análise utiliza metodologia baseada em dados, focando exclusivamente em plataformas CLOB em mainnet com métricas públicas. Projetos em pré-mainnet ou testnet foram excluídos das comparações principais.
Em apenas dois meses, uma DEX quebrou recordes mensais de negociação duas vezes: em julho de 2025 ultrapassou US$319 bilhões em volume Perp, e em agosto chegou próximo de US$398 bilhões—um recorde absoluto para plataformas on-chain. Essa exchange é a Hyperliquid, um CLOB totalmente on-chain sobre Layer 1 proprietária, projetado para matching de baixa latência e performance de CEX.
Apesar dos feitos, a concorrência se intensifica. Dados de setembro mostram novos CLOB DEXs aumentando a pressão, com latência semelhante, taxas reduzidas e incentivos robustos. O crescimento dos CLOBs se sustenta em liquidez profunda e descoberta de preço transparente e eficiente—qualidades que desafiam as exchanges centralizadas.
Em 2025, avanços em infraestrutura—Layer 1s mais rápidas, SDKs de Rollup aprimorados, tecnologia zero-knowledge, alta disponibilidade de dados—e crescente demanda institucional por derivativos autocustodiados transformaram o CLOB de experimento DeFi em infraestrutura essencial de trading. Porém, líderes iniciais como dYdX v4 e Dexalot perderam posições, levantando a questão: o que define a liderança de mercado neste setor em rápida evolução?
Este relatório avalia a dinâmica competitiva dos CLOBs em cinco dimensões: volume, open interest, crescimento de usuários, economia de taxas e infraestrutura, com insights completos sobre os 10 principais protocolos, segundo dados de setembro de 2025 da DeFiLlama, Token Terminal, Artemis e Flipside Crypto.
A análise foca nos 10 maiores CLOBs on-chain, com dados de 30 dias. Estes protocolos se destacam pelo market share e open interest significativos.
Figura 1: Participação de mercado por volume de 30 dias (Hyperliquid, Lighter, EdgeX, Aster, ADEN, Drift, Paradex, dYdX v4, BlueFin, Injective). Fonte: DeFiLlama, 23 de setembro de 2025 (UTC).
O trading de derivativos on-chain mudou radicalmente em 2025: CLOB DEXs dominam o mercado de futuros perpétuos e ocupam segmentos relevantes no spot.
Nos 20 principais protocolos perpétuos, CLOB DEXs têm 92,04% do market share e US$607 bilhões de volume em 30 dias; os não-CLOBs somam só US$48,37 bilhões.
Figura 2: Participação de volume entre os 20 maiores Perp DEXs (23 de setembro de 2025 UTC; Fonte: DeFiLlama; 11 CLOBs e 9 não-CLOBs).
É um contraste com o início do DeFi, quando AMMs dominavam a negociação.
No spot, AMMs ainda lideram: CLOBs representam só 12,4% (US$26,4 bilhões) do volume, enquanto AMMs e outros alcançam 87,6% (US$212 bilhões).
Figura 3: Participação de mercado no spot (CLOB vs. AMM), em 23 de setembro de 2025 UTC. Fonte: DeFiLlama; CLOB inclui Hyperliquid e Aster; AMM/Outros, 18 DEXs.
Essa diferença mostra a especialização dos CLOBs: excelência em derivativos, mas desafios estruturais na liquidez spot frente aos AMMs. O gap indica potencial ainda inexplorado—se CLOBs crescerem no spot, mercado e receitas podem disparar.
Figura 4: Open interest por CLOB DEX (milhões de USD), em 23 de setembro de 2025 UTC. Fonte: DeFiLlama; Paradex via frontend; BlueFin não incluída. Nota: O open interest da Aster acelerou desde então; o gráfico mostra valores anteriores.
Hyperliquid lidera o open interest entre CLOBs, com US$14,77 bilhões (81,56%), seguida por Lighter (US$1,1 bilhão, 6,07%), EdgeX (US$1 bilhão, 5,52%) e Drift (US$546,9 milhões, 3,02%). Paradex (US$255 milhões, 1,41%), dYdX v4 (US$221 milhões, 1,22%) e ADEN (US$195 milhões, 1,08%) vêm em sequência. Injective (US$15 milhões, 0,08%) e Aster (US$7 milhões, 0,04%) são os menores.
Open Interest (OI) mede não só volume, mas capital alocado e exposição ao risco. Alto OI e volume sinalizam liquidez profunda e presença institucional; baixo OI e volume indicam atividade varejista ou protocolos novos.
Hyperliquid concentra 77% do open interest (81,56% entre CLOBs analisados; 77% geral), refletindo efeitos de rede—liquidez atrai liquidez; grandes traders buscam spreads estreitos e baixa slippage.
Essa concentração é risco sistêmico: eventuais problemas na Hyperliquid podem afetar todo o mercado de derivativos on-chain.
Distribuição mais equilibrada fortaleceria a resiliência do sistema. O histórico das criptos (FTX, Mt. Gox, Terra) mostra que concentração excessiva amplifica o risco sistêmico e pode gerar crises de mercado.
Hyperliquid mostra crescimento sólido e reconhecido institucionalmente. O pico da Aster parece ligado ao apoio de CZ (Binance) e incentivos agressivos, mas o engajamento de longo prazo é incerto.
dYdX v4 e Drift, pioneiras, mantêm bases menores porém estáveis e com alta retenção—benefício do posicionamento inicial.
Os dados mensais evidenciam diferenças claras de lucratividade e posicionamento entre CLOBs. Relatórios de seis protocolos apontam tendências distintas de receita e eficiência de captura de taxas.
Setembro de 2025:
Eficiência de captura de taxas (setembro/2025):
Nota: As taxas da ADEN são de infraestrutura/desenvolvedores, não taxas diretas de negociação.
Tendências semestrais:
Modelos eficientes:
dYdX v4 e Aster lideram em taxa de captura (1,28% e 1,14%), apontando para foco em usuários sofisticados ou nichos menos competitivos. A taxa da Aster é provavelmente impulsionada por incentivos; a da dYdX reflete fidelidade e reputação.
Modelos de escala:
A baixa taxa da Hyperliquid (0,20%) é compensada pelo grande volume, garantindo receita total superior.
Modelos de receita de infraestrutura:
ADEN lucra via parcerias backend, não taxas de negociação para clientes finais, exemplificando monetização B2B.
Taxas de captura caíram nas plataformas maduras (notadamente a queda de 39% da Hyperliquid), evidenciando pressão dos rivais zero taxa como Lighter (US$133 bilhões mensais, taxa zero ao varejo). Lighter ainda cobra market makers e HFTs. Essa tendência pode mudar conforme estratégias de taxas e custos evoluem.
Protocolos sem dados de lucro:
Figura 5: Top 10 CLOBs por volume Perp de 30 dias (Hyperliquid, Lighter, EdgeX, Aster, ADEN, Drift, Paradex, dYdX v4, BlueFin, Injective). Fonte: DeFiLlama, 23 de setembro de 2025 (UTC).
Nível 1: >US$100 bilhões/mês
O ecossistema CLOB é concentrado, com dois líderes abarcando quase 80% do volume total.
Hyperliquid lidera com US$350,3 bilhões (57,9%), 77% de open interest (US$13 bilhões). Seu Layer1 HyperBFT customizado entrega zero gas, finalização subsegundo e nano-sorting para latência abaixo de 50ms, com descentralização. Esse diferencial técnico garante spreads estreitos e livros profundos, formando um fosso de liquidez que atrai traders profissionais.
Lighter (US$133 bilhões, 22%) tem open interest menor frente ao volume, construída em Layer2 Ethereum de baixa latência, com circuitos ZK para matching verificável. Taxa zero ao varejo e 5ms de latência SNARK atraem o público, com settlement ZK em lote e segurança Ethereum. A sustentabilidade do modelo zero taxa ao varejo segue incerta.
Nível 2: US$15–50 bilhões/mês
EdgeX (US$48,6 bilhões) lidera os desafiantes com matching híbrido StarkEX, motor Rust off-chain, latência de 10ms e US$52,6 milhões em taxas. Aster (US$18,7 bilhões) opera na BNB Chain, oferece dark pools, yield colateral, alavancagem de até 1001x, e US$39,8 milhões em taxas acumuladas. ADEN (US$15,9 bilhões) usa Layer2 Orderly e CLOB compartilhado, lucrando com revenue sharing. Drift (US$14 bilhões) na Solana integra tripla liquidez (CLOB, AMM, leilão JIT), GPU keepers e cross-margin multi-ativos.
Nível 3: US$3–15 bilhões/mês
Paradex (US$9,4 bilhões) é voltada ao varejo, com Layer2 CairoVM, taxa zero ao varejo, privacidade e verificabilidade zero-knowledge, e estrutura dual de mercados. dYdX v4 (US$7,34 bilhões) é appchain Cosmos SDK com livros descentralizados, mas deficiente em velocidade. BlueFin (US$4,4 bilhões) explora execução paralela sem gas da Sui. Injective (US$3,05 bilhões) é Cosmos SDK, com leilões batch MEV protection e IBC cross-chain.
Figura 6: Comparativo de performance e recursos
Destaques de latência:
Throughput teórico:
A variedade de tipos de ordem sinaliza maturidade do protocolo:
Cross-margin é padrão; Hyperliquid, Drift e ADEN se destacam:
Três principais:
CEXs ainda dominam volumes spot e de derivativos, mas DEXs ganham espaço e redefinem a competição.
Figura 7: Participação de volume de futuros DEX vs. CEX, Fonte: The Block
Participação de futuros DEX subiu de menos de 2% (2022) para 8% (setembro/2025 UTC), com 2024–2025 como pico. CLOB DEXs concentram 92,04% do Perp on-chain (US$607 bilhões), com Hyperliquid e Lighter entregando finalização subsegundo e qualidade CEX.
Figura 8: Participação de volume spot DEX vs. CEX, Fonte: Blockworks Research
O volume spot em DEXs chega a 30–60% dos CEXs em períodos ativos, disparando em momentos de stress (ex.: limites de saque em CEXs), quando o varejo migra para DEXs por transparência—evidente após eventos como FTX.
CLOB DEXs têm só 12,4% do spot on-chain (US$26,4 bilhões), enquanto AMMs alcançam US$212 bilhões—refletindo diferenças de preferência do usuário, fricção de UI e onboarding.
CLOB DEXs são líderes em Perp trading (US$607 bilhões), mas o spot é um mercado muito maior e ainda pouco explorado.
CEXs lideram em interface fluida, execução subsegundo e tipos avançados de ordem. Mas CLOB DEXs—especialmente Hyperliquid—reduziram o gap, com latência abaixo de um segundo e suporte amplo a tipos de ordem. Taxas de gas, fricção de carteira e tipos limitados de ordem ainda dificultam adoção em massa.
CEXs se beneficiam de frameworks consolidados (SEC/EUA, FCA/Reino Unido), mas muitos operam offshore. CLOB DEXs oferecem acesso permissionless, autocustódia e zero KYC, mas enfrentam incerteza legal sob regulações em evolução (MiCA/UE, SEC/EUA). Instituições precisam balancear confiança regulatória com flexibilidade e acesso.
CEXs exigem confiança na solvência do custodiante e seguro; DEXs dependem da segurança dos smart contracts, precisão dos oráculos e governança—risco depende da qualidade de auditoria e governança.
Figura 9: Tabela de paridade de recursos
CLOBs lideram nos contratos Perp (92,63%), mas têm só 12,4% do spot—expondo desafios estruturais frente à liquidez dos AMMs.
Por que AMMs lideram no spot?
Isso gera um ciclo de reforço, com o varejo preferindo AMMs pela facilidade e market makers focando em derivativos.
Figura 10: Provedores de infraestrutura CLOB
Adoção DA (Data Availability) entre os principais CLOBs:
Infraestrutura ZK:
Modelos de liquidez compartilhada:
Oráculos: Chainlink e Pyth para dados de mercado de baixa latência; maioria adota PythLazer para atualizações subsegundo.
Roteamento cross-chain:
Liquidação atômica multi-plataforma ainda está em desenvolvimento.
Appchains e Integração Universal:
Appchains Layer1: Hyperliquid (HyperBFT Layer1), Injective (Cosmos SDK Layer1) para performance e controle.
Appchains Layer2/Layer3: Lighter (ZK Layer2 própria), EdgeX (StarkEX Layer2) para validação eficiente.
Layer1 universal: Sui (DeepBook), Sei (otimizada para exchanges), Monad (execução paralela EVM).
Visam spreads estreitos e finalização rápida. Conteúdos futuros abordarão trade-offs de design e CLOBs de alta performance em ambientes composáveis.
O Layer1 próprio da Hyperliquid permite execução subsegundo e livros profundos, convertendo vantagem técnica em volume e receita recordes—sem concorrentes próximos em 2025.
Performance é central. Spreads estreitos e execução subsegundo atraem market makers e aumentam volumes, como mostra a Hyperliquid. Modelos de liquidez compartilhada (Injective, Sui) elevam eficiência frente a pools isolados. White-label (Orderly Network) permite que frontends foquem em UX e o backend centralize o matching. Modelos zero taxa, como Lighter, impulsionam crescimento, mas dependem de monetização para sustentabilidade. Mitigação MEV (leilões batch Injective) reduz fluxo tóxico e exige ajustes constantes.
dYdX mostra que o trading migra para arquiteturas mais rápidas e baratas. A maioria dos CLOBs fica atrás dos AMMs no onboarding; sorters centralizados criam risco único. Incentivos enfrentam abuso de cancelamento e especulação. Listing via governança é mais lento que o tempo real dos AMMs, limitando diversidade long tail. Concentração de liquidez amplifica risco de apagão; é preciso liquidez robusta em múltiplas plataformas.
A consolidação favorece DEXs líderes, enquanto especialistas focam em privacidade, nichos ou compliance. Liderança depende da execução e capacidade de atrair market makers via liquidez profunda. Pools mais profundos ampliam crescimento. Futuro da aquisição de liquidez depende de integração wallet/app. Infra ZK e DA habilitam design modular, separando execução/liquidação para velocidade, privacidade, resiliência. Layer1s generalistas (Monad, Sei, Aptos, Sui, MegaETH, Rise, Fogo) surgem como plataformas CLOB de excelência. Compliance se concentrará em sorters/builders; permissionamento híbrido e trilhas de auditoria são esperados. Matching deve mesclar livros contínuos com leilões batch ou streams duplos (Injective, dYdX v4). CLOBs ampliarão participação no spot via liquidez compartilhada, integração wallet e trading sem gas. O mercado spot é até quatro vezes maior que derivativos; capturar essa fatia pode ampliar o mercado de US$26,4 bilhões para mais de US$200 bilhões. CLOBs on-chain têm grande potencial para capturar spot dos AMMs via liquidez compartilhada, roteamento wallet, Layer2 de baixo custo e incentivos blue-chip. AMMs dominam os ativos long tail, mas CLOBs podem ampliar receita crescendo pares principais.
As exchanges descentralizadas inauguram uma nova era, com CLOB DEXs líderes e volumes mensais na casa dos bilhões, execução equiparada às CEXs. A competição acirrada dita decisões estratégicas que moldarão o setor. Modelos zero taxa redefinem preços, obrigando rivais a igualar ou justificar prêmios. Arquitetura evolui com Layer1s monolíticas equivalentes em performance e composabilidade. O gap do mercado spot é o desafio central. Com concentração de liquidez, a tendência é consolidar poucos líderes, tornando distribuição e retenção tão críticas quanto viabilidade técnica. Este relatório define benchmarks para acompanhamento; futuras análises abordarão arquitetura CLOB, economia modular de infraestrutura e estratégias para expansão spot.