
O poder computacional corresponde à capacidade de executar operações computacionais numa rede blockchain, representando a rapidez e eficiência com que dispositivos ou farms de mineração solucionam problemas matemáticos complexos. No universo das criptomoedas, sobretudo nas redes que recorrem a mecanismos de consenso Prova de Trabalho (PoW), o poder computacional está diretamente associado à aptidão de um participante para resolver puzzles criptográficos de hash, influenciando assim a eficiência da mineração e a probabilidade de obtenção de recompensas de bloco. Com a crescente generalização da tecnologia blockchain, a comunidade considera o poder computacional um indicador-chave da segurança da rede, do grau de descentralização e da competitividade dos mineiros, ocupando um papel central no ecossistema dos ativos digitais.
A génese do poder computacional encontra-se no nascimento da rede Bitcoin. Em 2009, o sistema Bitcoin criado por Satoshi Nakamoto introduziu pela primeira vez o mecanismo Prova de Trabalho, exigindo que os mineiros fornecessem recursos computacionais para garantir a segurança da rede. Inicialmente, o poder computacional provinha sobretudo dos CPUs de computadores pessoais, passando progressivamente para GPUs, FPGAs e, por fim, para circuitos integrados de aplicação específica (ASIC) concebidos especificamente para mineração. Esta evolução reflete a industrialização gradual da mineração de criptomoedas, que deixou de ser uma atividade amadora para se transformar numa atividade comercial em larga escala, dominada por farms de mineração profissionais. O percurso de crescimento do poder computacional ilustra igualmente a evolução da tecnologia blockchain, de projeto experimental para uma indústria avaliada em milhares de milhões de euros.
Tecnicamente, o funcionamento do poder computacional manifesta-se principalmente no processo de cálculo de hashes. No caso do Bitcoin, os mineiros procuram continuamente diferentes valores nonce, combinando-os com os dados do cabeçalho do bloco e processando-os através da função de hash SHA-256, com o objetivo de gerar um valor de hash conforme requisitos específicos de dificuldade. Um poder computacional mais elevado traduz-se em mais tentativas de hash por segundo, aumentando a probabilidade de encontrar um hash válido. O poder computacional da rede mede-se geralmente pela taxa de hash, expresso em unidades como H/s (hashes por segundo), KH/s, MH/s, GH/s, TH/s, PH/s, entre outras. Graças aos avanços tecnológicos, este indicador evoluiu dos valores iniciais de MH/s para o atual patamar de EH/s (exahashes por segundo), demonstrando a impressionante evolução do poder computacional global.
No futuro, o poder computacional continuará a assumir um papel determinante no ecossistema das criptomoedas, ainda que a sua configuração e distribuição venham a sofrer mudanças profundas. Por um lado, a mineração baseada em energia verde está a afirmar-se como tendência no setor, recorrendo a fontes renováveis para alimentar os equipamentos de mineração e reduzir a pegada de carbono; por outro, à medida que grandes redes blockchain, como a Ethereum, transitam para mecanismos alternativos de consenso, como a Prova de Participação (PoS), perspetiva-se uma redistribuição dos recursos computacionais. Paralelamente, as políticas regulatórias nacionais relativas à mineração de criptomoedas têm impacto na distribuição global do poder computacional, provocando a migração de centros de mineração das regiões tradicionalmente concentradas para jurisdições mais favoráveis em termos regulatórios. Importa ainda salientar que o crescimento do poder computacional suscitou debates em torno do consumo energético e do impacto ambiental, impulsionando o setor no sentido de explorar opções de funcionamento blockchain mais eficientes e sustentáveis.
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