Título original republicado: “Como Podemos Garantir a Segurança das Criptomoedas? Só a Tecnologia Blockchain Não Chega”
A época dos assaltantes mascarados que invadiam bancos durante a noite já faz parte do passado. Atualmente, os ladrões não precisam de desativar câmaras dos cofres bancários ou arquitetar planos de fuga elaborados — os roubos ocorrem instantaneamente na blockchain, e não em cofres fechados. Para os hackers, basta uma linha de código astuta e uma vulnerabilidade explorável; muitas vítimas só descobrem as perdas depois de o ataque se concretizar.
A rápida evolução tecnológica tem impulsionado um cibercrime cada vez mais sofisticado. Os atacantes reinventam constantemente as suas técnicas e chegam a ultrapassar as soluções de segurança mais avançadas. Adaptam-se de forma ágil, procuram incessantemente novas falhas e conseguem contornar as defesas tradicionais. Este paradoxo suscita uma questão fundamental: se a tecnologia subjacente à blockchain é assim tão segura, porque continuam as plataformas de troca de criptomoedas a ser alvo de violações tão frequentes? Só em 2022, os hackers roubaram mais de 3,8 mil milhões $ em criptomoedas. Isto não se deveu ao facto de terem quebrado algoritmos criptográficos — exploraram, sim, falhas técnicas e lapsos humanos. Os desafios da segurança aumentam, pois uma teia de fatores — limitações técnicas, erro humano, inconsistências regulatórias e diferentes métodos de armazenamento, transação e furto de ativos digitais — torna o cenário de ameaças cada vez mais complexo.
Garantir a verdadeira segurança implica muito mais do que tecnologia. É preciso uma abordagem holística que antecipe e responda ativamente a um espectro amplo de riscos emergentes, como vulnerabilidades em contratos inteligentes, ataques de engenharia social e mudanças no enquadramento regulatório.
Embora a computação quântica ainda não seja prática, a maioria das pessoas acredita que a forte encriptação da blockchain oferece bases de segurança sólidas. Contudo, essa proteção restringe-se, na sua maioria, aos endereços de blockchain e mecanismos de consenso. A vasta maioria dos roubos de criptomoedas ocorre na interface entre blockchain e finanças tradicionais: comprometer carteiras de exchanges (carteiras quentes ou frias), exploração de contratos inteligentes e esquemas de engenharia social. Para assegurar liquidez, as exchanges centralizadas têm de manter algumas carteiras online — o que as torna alvos especialmente apetecíveis para hackers.
Embora os protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) eliminem o risco de custódia e ofereçam alternativas aos utilizadores, inevitavelmente introduzem novas vulnerabilidades. Até programadores experientes podem cometer erros ao escrever contratos inteligentes complexos.
Exchanges centralizadas (CEX) e plataformas descentralizadas baseiam-se em filosofias e abordagens de segurança profundamente distintas. Exchanges como a Bybit implementam controlos rigorosos: carteiras multiassinatura, armazenamento a frio para 95 % ou mais dos ativos e testes de intrusão profissionais regulares. Ainda assim, sistemas centralizados continuam a sofrer de pontos únicos de falha e ameaças internas — riscos que nenhuma medida técnica pode eliminar totalmente.
Nas plataformas descentralizadas, os utilizadores têm controlo integral dos seus ativos, eliminando o risco de custódia, mas enfrentam novos desafios. O código DeFi é transparente e aberto à auditoria comunitária, mas a imutabilidade da blockchain significa que uma vulnerabilidade, assim que explorada, não pode ser corrigida. A complexidade dos contratos inteligentes cria um desfasamento significativo entre as barreiras técnicas e a verdadeira acessibilidade para o utilizador. Enfrentar os problemas de segurança exige mais do que escolher entre centralização ou descentralização. A Bybit está a desenvolver soluções híbridas que aliam autocustódia DeFi a camadas de segurança empresariais — recorrendo a sistemas de vigilância transacional baseados em IA para analisar mais de 5 000 fatores de risco em tempo real. Esta integração é essencial, mas a tecnologia sozinha não basta. Como os ataques baseados em IA se tornam mais sofisticados, com hackers a usar machine learning para simular padrões legítimos de transação, é fundamental investir em formação contínua de programadores e utilizadores.
Apesar de o panorama das ameaças estar em constante evolução, a Bybit mantém o compromisso de assegurar proteção de excelência aos utilizadores. Para além da IA, investimos em sistemas inteligentes e adaptativos para a gestão de riscos e segurança. Estes sistemas aprendem com a experiência e monitorizam o ecossistema cripto a nível global, identificando ativamente novas formas de ataque para garantir que as nossas defesas antecipam as ameaças emergentes. Esta dedicação está incorporada na nossa infraestrutura. Após cada incidente, a Bybit lança imediatamente análises forenses exaustivas, tira conclusões decisivas, reforça sistemas afetados (e potencialmente vulneráveis) e garante comunicação transparente com a comunidade. Assim, não só respondemos eficazmente a ameaças, como reforçamos continuamente as nossas defesas e mantemos uma posição de liderança na luta contra o cibercrime.
Uma regulação eficaz pode ser a alavanca mais poderosa para reforçar a segurança no universo cripto — se for bem desenhada. Medidas como prova obrigatória de reservas, auditorias normalizadas a contratos inteligentes e colaboração internacional contra o branqueamento de capitais podem reduzir riscos sistémicos sem travar a inovação. Pelo contrário, regras abrangentes — como classificar todos os criptoativos como valores mobiliários ou limitar o uso de tecnologias orientadas para a privacidade — tendem a causar mais prejuízo do que benefício.
A regulação baseada no risco implica supervisionar ameaças reais e concretas, em vez de impor proibições generalizadas. Diretrizes claras para o setor ajudam a superar desafios de segurança sem sacrificar o potencial inovador da blockchain. Este equilíbrio é essencial para garantir confiança pública nas instituições e promover a adoção generalizada das criptomoedas.
No final, proteger o setor cripto é muito mais do que um exercício técnico — é um compromisso permanente. A verdadeira questão não é se as criptomoedas podem ser protegidas, mas se o setor está disposto a investir e tomar decisões difíceis para tornar a segurança uma realidade. Para a Bybit, isso significa adotar uma arquitetura Zero Trust, manter práticas de segurança transparentes e fomentar a partilha de inteligência sobre ameaças no setor. Atualizações contínuas e respostas rápidas a incidentes demonstram o nosso compromisso proativo com a proteção dos utilizadores e do ecossistema cripto. Num setor que evolui a grande velocidade, a segurança não pode ser um pormenor — tem de ser a base de toda a indústria.