Encriptação RSA

Encriptação RSA

A encriptação RSA é um algoritmo assimétrico amplamente reconhecido na segurança digital, criado em 1977 pelos criptógrafos Ron Rivest, Adi Shamir e Leonard Adleman, cujas iniciais deram origem ao nome RSA. Este método constitui um dos pilares das comunicações encriptadas modernas, sendo utilizado de forma extensiva na transmissão segura de dados, em assinaturas digitais e em mecanismos de autenticação. O seu valor fundamental reside na resolução do problema da distribuição de chaves típico das soluções simétricas, permitindo que duas partes comuniquem de forma segura sem necessidade de uma chave secreta partilhada previamente.

A história do algoritmo RSA remonta à segunda metade dos anos 70, numa altura em que a criptografia enfrentava uma questão central: como trocar chaves de modo seguro através de canais de comunicação inseguros. Em 1976, Whitfield Diffie e Martin Hellman apresentaram o conceito de encriptação assimétrica, mas não chegaram a propor uma implementação prática. Em 1977, três investigadores do MIT desenvolveram o RSA, oferecendo a primeira solução viável para encriptação assimétrica. Em 1983, a tecnologia RSA obteve uma patente nos Estados Unidos e tornou-se gradualmente num elemento fundamental da segurança na internet, em especial nos protocolos SSL/TLS, protegendo o desenvolvimento seguro do comércio eletrónico a nível global.

O funcionamento do RSA assenta num princípio matemático claro e sofisticado: a enorme dificuldade de fatorizar números inteiros muito grandes. O processo principal descreve-se em três etapas: geração de chaves, encriptação e desencriptação. Na geração de chaves, selecionam-se aleatoriamente dois grandes números primos, p e q, calcula-se o seu produto n=p×q, e escolhe-se um inteiro e coprimo de (p-1)(q-1) como expoente público. Depois, recorrendo ao algoritmo de Euclides estendido, determina-se o expoente privado d tal que e×d≡1 mod (p-1)(q-1). O par público (n, e) constitui a chave pública, enquanto a chave privada é d. Na encriptação, converte-se a mensagem m em formato digital e calcula-se o texto cifrado c=m^e mod n. A desencriptação recupera a mensagem original por m=c^d mod n. A segurança do RSA deve-se à dificuldade prática de encontrar os fatores primos p e q de n. Com chaves suficientemente extensas (2048 ou 4096 bits, por exemplo), atualmente a fatorização é, na prática, irrealizável.

Apesar do papel preponderante da encriptação RSA na criptografia contemporânea, subsistem desafios e riscos. Desde logo, a eficiência do algoritmo é limitada: comparativamente à encriptação simétrica, o RSA é mais moroso e computacionalmente exigente, o que o torna inadequado para cifrar grandes quantidades de dados diretamente; usa-se, assim, sobretudo para transmitir chaves simétricas ou gerar assinaturas digitais. Acresce que o desenvolvimento dos computadores quânticos representa um risco potencial. O algoritmo de Peter Shor, proposto em 1994, possibilita teoricamente a um computador quântico fatorizar números inteiros de grandes dimensões em tempo polinomial, podendo colocar em causa a segurança do RSA. Existem ainda riscos de implementação: geração de chaves insegura (por exemplo, quando se recorrem a geradores de números aleatórios pouco fiáveis), armazenamento deficiente de chaves ou ataques de canal lateral (como ataques temporais ou análise de consumo elétrico), podem comprometer a segurança de sistemas RSA. Por fim, à medida que o poder computacional aumenta, é necessário aumentar o tamanho das chaves RSA para manter o nível de segurança, o que implica custos computacionais acrescidos.

Enquanto elemento crucial na arquitetura da segurança da internet moderna, a importância do RSA é inegável. Este sistema protege diariamente as atividades online de milhares de milhões de utilizadores e garante a segurança do comércio eletrónico, banca digital e verificação de identidades online. Embora novas tecnologias como a computação quântica tragam desafios, o RSA vai manter a sua relevância enquanto técnica central da cibersegurança, graças à evolução contínua e à integração com outras abordagens criptográficas. Simultaneamente, a comunidade científica está a desenvolver algoritmos de criptografia pós-quântica para enfrentar os desafios que o futuro possa trazer.

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